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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Quando eu ainda estava no jardim de infância, eu me lembro de que ninguém nunca gostava de mim. Eu era a excluída sempre. Desde naniquinha. Quando eu estava no que antes chamava-mos de alfabetização, eu fiz um único amigo, na verdade eu não em lembro o nome dele, acho que era Natan. Era importante eu em lembrar, já que foi meu primeiro amigo, e... Bem, o que aconteceu foi o seguinte:
Todos na sala nos odiavam. Não sei o motivo. Eu era muito inteligente, e ele também. Talvez fosse por isso. Diziam que nós éramos namorados, e na época isso nos matava de vergonha. Na verdade essas coisas ainda me matam de vergonha, mas é diferente. Bom, voltando ao assunto, nós éramos os excluídos. Eu tinha medo dos pouquíssimos alunos na minha sala.
Só estudei nesta escola uma no. Justo o ano de eleição. E a mãe deste m,eu amigo votava no Rio de janeiro, porque tinha acabado de se mudar para o Rio Grande do Norte, e tals.Ele não tinha família aqui, então o filho foi junto com ela para o RJ. Aquilo me deixou muito chateada, porque fiquei sozinha na sala. Na mesma semana, me chamaram na coordenação, eu fiquei assustada, eu era comportada. Mas não era sobre comportamento que queriam falar. A mãe do Natan tinha entrado no local eleitoral e deixou o filho na caçada com um monte de crianças jogando bola. A bola foi para a rua, e Nata correu atrás dela. Por azar, vinha um enorme caminhão. Eles tinham me contado exatamente deste jeito. E então me mostraram um daqueles quadros que fazem em homenagem á pessoa falecida, com um texto, como se ele estivesse falando. Sou muito sentimental e já estava chorando. Quando começaram a ler, eu desabei em prantos.
Voltei para a sala de aula com os olhos inchados e vermelhos. Outra coordenadora estava lá, tinha acabado de dar o aviso ao resto da turma. Mas, eles não acharam na da demais. Quando não tinha nenhum adulto na sala, eles começaram a rir e dizer: “Ei Letícia, seu namoradinho morreu”,“ Você está chorando porque não beijou ele?”, “Coitadinho,as tripas saíram do corpo com o peso do caminhão.”
Eu chorava desesperadamente,vendo eles imitarem seu jeito de correr atrás da bola, já que tinha uma perna deficiente. Esse foi meu trauma de infância. Com menos de oito anos de idade. Eu sofri. Muito. Não voltei naquela escola no ano seguinte.E até hoje lembro deste garoto, o Natan!

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